O presidente do C.A. da CARRIS deu recentemente uma entrevista, onde deixa claro a desorientação da administração, face ao grande descontentamento dos trabalhadores das empresas do grupo.
Numa primeira fase assumido na luta pelos motoristas e guarda-freios, mas que está a alastrar aos outros sectores, particularmente aos trabalhadores oficinais(carris e carrisbus), que aderiram de forma maciça à última greve realizada e já decidiram em Setembro estarem também disponíveis para a luta, se a isso forem “obrigados”.
Não senhor presidente, no seio do STRUP/FECTRANS não apareceu qualquer movimento “inorgânico”, como o provam as muitas dezenas de sindicalizações verificadas nos últimos meses e seria bom que não confundisse descontentamento dos trabalhadores com outras coisas.
O STRUP/FECTRANS, que nos últimos anos, particularmente desde que levou a tribunal o reconhecimento, que os trabalhadores do tráfego têm direito a participarem em plenários gerais, com base nas 15 horas por ano e ganhou, tem desde aí realizado plenários para apelar a mobilização dos trabalhadores para a conquista de aumentos reais dos salários e as 35 horas.
A diferença deste ano para anos anteriores, é que a indignação dos trabalhadores é tanta, que com a maior das naturalidades democráticas, no plenário geral realizado em Maio, convocado pelo STRUP, mais não fez do que tem feito em anos anteriores, colocou à discussão a última proposta proposta do C.A., que este sindicato não assinou.
Mais não fez do que dar voz e expressão de luta, a justa indignação dos trabalhadores. Comprovou-se assim que o STRUP tinha razão quando considerou a actualização imposta pelo C.A. como muito insuficiente.
A indignação aumentou quando se conheceu o relatório e contas da Carris, apresentado pela CML, com os tais 9,5 milhões de resultado positivo em 2023.
Se o C.A. tivesse aceitado a proposta deste STRUP/FECTRANS em 2023 para um aumento de 100€ nos salários, ainda teria terminado o ano com um resultado positivo.
No raciocínio do senhor presidente falta uma dedução lógica, para o problema que reconhece existir, (a falta de atractividade da empresa para a fixação e contratação de trabalhadores). Proceda este ano ao aumento real dos salários, situando-os nos 100€ de aumento, actualize o subsídio de refeição para 15€ e proceda a calendarização da redução para as35 horas, com inclusão dos tempos de deslocação (ou em alternativa ao seu pagamento) e no caso das oficinas proceda de uma vez por todas a integração da Carrisbus na Carris e com certeza que deixará de ter problemas com a fixação de trabalhadores e contratação de novos.
Senhor presidente, os trabalhadores das empresas do grupo Carris precisam é de actos e de menos conversa, se souber ouvir o descontentamento daqueles que asseguram, diariamente, o funcionamento da Carris, Carrisbus e Carristur e se queira empenhar a solução do actual conflito.
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